segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pato Fu grava clipe com apenas dois telefones celulares !



Videoclipe foi filmado com câmera de telefone celular, na Praça da Liberdade. Ricardo Koctus, baterista da banda (E), entrou na onda e fez o making of da produção com seu aparelho

Seria um dia como outro qualquer para quem caminha de manhã na Praça da Liberdade não fosse a presença de um casal de astronautas. Ela de vermelho, ele de branco, eram seguidos de perto por duas pessoas. Neste cenário, Fernanda Takai e John Ulhôa seguiam as recomendações de Giuliano Chiaradia e Rodolfo Nakakubo, diretores de Nada original, terceiro clipe do novo álbum do Pato Fu, Daqui pro futuro. Além da praça, o vídeo teve locações em um supermercado, uma locadora de vídeo e no Mineirão. Parece muita coisa – e é, ainda mais levando-se em consideração que a duração é pouco superior a três minutos – mas o processo de captação de imagens foi mais simples do que parece por causa do suporte utilizado para a confecção do clipe: apenas dois aparelhos de telefone celular.

Nada original é o segundo clipe brasileiro produzido desta maneira. O primeiro foi feito também por Chiaradia. Há pouco mais de um mês ele filmou O retorno de Saturno, do grupo Detonautas. Mas pelo andar da carruagem, o do Pato Fu deve ser lançado antes. Gerente de produção do canal pago Nickelodeon, Giuliano Chiaradia cita a máxima de Glauber Rocha para explicar esta nova maneira de se produzirem clipes. “Com um celular, o esquema é uma câmera na mão e uma idéia na cabeça mesmo. Para realizar os dois clipes, não dependemos de equipamento de luz, sonoplastia ou grandes estruturas que podem dificultar a realização de um projeto. Pude ir para qualquer lugar com o celular na mão”, conta ele, que em 2004 dirigiu Beep, curta-metragem realizado com celular.

O roteiro do clipe, criado pelos dois diretores e pela vocalista e pelo guitarrista do Pato Fu, conta um pouco do dia-a-dia de um casal. “O cotidiano é meio sem graça, então pensamos em fazer um casal espacial. Ou seja, é um casal diferente que faz as mesmas coisas que todo mundo”, comenta Fernanda Takai. As roupas de astronautas foram aquelas usadas pela dupla no clipe de Made in Japan (2000). O clipe do Detonautas foi mais complexo. Chiaradia fez três planos de uma atriz: ela acordando, saindo para a rua e indo encontrar seu grande amor. O xis da questão é que as cenas são todas de trás para a frente. Desta maneira, a atriz Gisele Câmara teve que fazer tudo ao contrário. “O celular permite uma experimentação total”, acrescenta Chiaradia.

Com o avanço tecnológico, é possível conseguir uma boa qualidade no produto final. Os aparelhos celulares top de linha têm hoje qualidade de imagem com a mesma definição de tela de um DVD. O aparelho utilizado por Chiaradia, um Nokia N95, é um deles. Vale lembrar que a opção pela realização com celular acaba se tornando também uma proposta estética. “Se quiser uma fotografia linda e uma luz maravilhosa, vai ser complicado, pois estou com um celular na mão. O processo é mais minimalista, então tenho que filmar com as condições que tiver. Isto tudo acaba virando uma proposta de linguagem”, conclui ele, que agora planeja fazer um longa-metragem rodado exclusivamente com aparelho celular.

Fonte: Portal "Uai" Jornal Estado de Minas

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